Aparentemente, minha tentativa de blog não deu muito certo. Alguns amigos se queixaram do post muito longo, e sugeriram que botasse as páginas do livro em .pdf para baixar. Ainda não desisti de levar a idéia pra frente, mas sugestões são bem vindas, se é para tornar isto aqui útil ou agradável para alguém. Senão, não há propósito em continuar mantendo o espaço.
KEN TO HANA - O CÍRCULO DO KARMA
Vou postar abaixo dois parágrafos, que iniciam o primeiro capítulo de meu romance, e logo em seguida, um pdf contendo as oito primeiras páginas, para quem quiser ir além dos parágrafos.
KEN TO HANA - O CÍRCULO DO KARMA
Vou postar abaixo dois parágrafos, que iniciam o primeiro capítulo de meu romance, e logo em seguida, um pdf contendo as oito primeiras páginas, para quem quiser ir além dos parágrafos.
A
CORTESÃ
DA
CASA
DE
CHÁ
E
O
RONIN
VIAJANTE
Hideko
apagou a bruxuleante luz da lamparina e ajoelhou-se, fazendo delicada
porém automática mesura ao lado de Genmarô,
o homem que por direito a possuiria naquela noite. No quarto
penetrava uma brisa gélida, de atmosfera quase fúnebre, que
atravessava os panos do leve e já entreaberto quimono de verão,
fazendo Hideko arrepiar-se, e levando um calafrio que a percorria dos
pés à cabeça. Seus olhos pouco faziam para esconder o pavor
recatado da sordidez que era sua própria existência. Seu cliente,
porém, parecia não se dar conta disso. Talvez, no seu conforto
desregrado, de corpo solto no futon
em completo desleixo, almejando somente o saciar de sua
luxúria no receptáculo de prazer que a sua frente, de tão
subserviente modo se dispunha, apenas não se importasse, uma vez que
o calafrio que pelo doce corpo dela percorria fazia arrepiar-lhe os
firmes e perfeitamente arredondados seios, que deixavam-se ver de
soslaio em toda a sua alvura pela vestimenta frouxa, e também os
cabelos da nuca que fugiam-lhe ao intrincado penteado, que era
delicadamente desfeito na medida que a jovem soltava suas longas
mechas.
Por
mais que tentasse, ela já não mais poderia voltar ao seu ofício de
cortesã, meretriz, prostituta. O ato de heroísmo desmedido do
intrépido ronin1
que a salvara dias atrás havia lhe deixado um vácuo tormentoso que
agora era preenchido por dúvidas, lamentos e desespero. Sua harmonia
esvaíra-se de um todo, e ela sabia que era para todo o sempre. Não
conseguia entender o porquê daquilo. Sua vida nunca havia sido nada
além de sofrer, e ela já habituara-se há muito a ser menos que um
objeto, um instrumento de prazer, hinin2.
Se a tivessem capturado, recuperado-a, carregado-a de volta para o
maior de seus medos e o mais abominável de seus castigos, teria dado
fim à própria vida sem hesitar, e tudo seria resolvido em uma curta
viagem ao eterno vazio. Mas ela estava a salvo, embora não pudesse
ter certeza de por quanto tempo,
e ainda assim, a parte mais sombria de seu ser desejava não ter
aquela segurança.
2Hinin:
uma “não-pessoa”, na estrutura de castas da sociedade japonesa
da época.
(para continuar a ler, efetue o download do arquivo abaixo):
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