quarta-feira, 4 de julho de 2012

Finalmente, um blog



Anos e anos correram, e durante todo este tempo vim resistindo à idéia de criar um blog. Para aqueles que não me conhecem, e também para os demais, referir-me-ei a mim mesmo por aqui como K. O. Metzger. A idéia de um blog vem sendo sugerida já faz um longo tempo. Pretendo ser, dentre outras ocupações mais ou menos nobres, escritor (mais exatamente, romancista), e tenho um romance escrito e não-publicado, parte da motivação para criar este pequeno espaço virtual. Por fim, cá está, a recusa finda. Criei um blog.
Acho que o motivo de não tê-lo feito antes foi um misto de não saber o que escrever (ou talvez julgar não estar fazendo algo interessante para os outros), e de ainda ter esperanças na publicação do meu romance (de fato, ainda tenho, mas as expectativas caíram vertiginosamente nos últimos tempos, e isto não só me tirou a pressa de vê-lo nas estantes como também me forçou a lançar-me uma vez mais a uma revisão completa).
Julgo prudente começar este primeiro post falando sobre o que pretendo com este pequeno espaço virtual. Meu primeiro objetivo aqui é divulgar o meu romance, e talvez outros escritos que por ventura eu venha a postar. Em segundo lugar, ter um refúgio onde eu possa acentuar a palavra idéia, e pôr o acento diferencial onde eu bem entender, isso sem negligenciar a minha querida trema. Tremam, pois aqui, a encontrarão freqüentemente! Também pretendo falar do que gosto, e inevitavelmente, quase tudo que gosto acaba me fazendo ligar este algo gostado a algo que gosto ainda mais: história. Então, de uma certa forma, este também será um espaço onde publicarei minhas pesquisas, curiosidades históricas, e material para consultas.
Minha rotina nunca foi a do homem são. Por isso já advirto, não sei se isto irá ou não seguir muito adiante, e mesmo que siga, não garanto periodicidade alguma.
Também pretendo aqui divulgar blogs de amigos, e talvez, trabalhos dos mesmos, quando estes assim o desejarem, e não tiverem interesse de criar um blog próprio para este propósito. Acho que a título de apresentação, não saí-me tão mal quanto pensava. Mas há mais adiante.

Um pouco sobre mim

Estou prestes a completar um quarto de século, e acho que isso tende a nos levar a certas reflexões. Comecei a graduação de história uns anos atrás, mas insatisfeito com o curso, desisti. Fui indolente comigo mesmo, e com o meu futuro, mas como a esperança é a última a morrer, criei a boa vergonha na cara e entrei para outra graduação, agora, aos vinte e quatro anos de idade. Curso Letras Inglês, e através deste curso, pretendo futuramente iniciar um mestrado interdisciplinar nas áreas de Literatura e História. Interesso-me muito pelo estudo da história das mentalidades e ideários coletivos. Acredito que a literatura e a história, em muitos pontos, andem intimamente ligadas.
Atualmente, estou começando um projeto de pesquisa que irá consumir a alma deste desolado corpo pelos próximos anos. Pretendo traçar um paralelo entre o ideal heróico da Inglaterra medieval (tomando como referência a literatura abrangente sobre o Rei Artur e seus cavaleiros, e em segunda ordem, sobre Robin Hood e outros) com o do Japão da mesma época (neste caso, pretendo analisar a literatura de guerra do início do período Kamakura, tratando dos anos de guerra que fecharam o período Heian). Meu objetivo é descobrir as diferenças entre o herói ideal do ocidente medieval (mais especificamente, a Inglaterra) e do oriente da mesma época (muito mais especificamente, o Japão). As perguntas que farei a mim mesmo constantemente durante esta pesquisa serão: o que o ideal heróico tem de comum em mundos tão diferentes? O que ambas as culturas geraram de diferente? Até que ponto o herói ocidental medieval é influenciado pela doutrina cristã e pela figura de Cristo? Há uma equivalência oriental, a dizer, uma influência do budismo, confucionismo, xintoísmo e taoísmo, na configuração do herói japonês medieval? Quais virtudes são louvadas nestas culturas? Quais são os vícios heróicos? Até que ponto estas concepções idealistas e romantizadas foram capazes de influenciar as pessoas de seus tempos históricos? Isto é só para começar.

Um pouco mais sobre meu romance

Acho também justo explicar sobre o que diabos gastei tantos anos de minha vida escrevendo. Pois bem, adiante, então.
Meu romance é o primeiro de uma trilogia ainda incompleta, e o nome deste primeiro volume é "Ken to Hana - O Círculo do Karma." O tema que permeia todo o livro é justamente o karma, e sua discutível imutabilidade. Até que ponto seríamos agentes passíveis de escolha em nossas vidas? Até que ponto somos levados pelas ondas infindáveis de um destino pré-determinado? Para ilustrar isto, decidi ambientar o romance no Japão do século XVII. Dentre outros, posso adiantar que os protagonistas da estória (eu ainda uso, e continuarei usando e fazendo distinção entre história/estória) são uma prostituta fugitiva e perseguida, chamada Hideko, e um espadachim andarilho e errante, chamado Jinsuke.
Comecei a escrever este romance quando tinha dezesseis anos. Sendo bem sincero, tinha tentado outras vezes, mas nunca passava da vigésima página em nada que eu escrevia. Quando, na primeira noite escrevendo este romance, ultrapassei o limite das vinte páginas, decidi que seria pra valer. O livro seguiu passando por extensas modificações ao longo dos anos (a trama era muito mais simplória, assim como a narrativa, como é de se esperar de um jovem de dezesseis anos). Ano passado, pensei ter chegado no ponto que queria. Então, tentei publicá-lo. Não obtive sucesso, e comecei a questionar-me dos porquês de minha obra não ter sido aceita.
Para constar, não é nada anormal. Se todo mundo que escreveste um livro conseguisse publicá-lo, este seria o maior mercado do mundo (e levaria a economia mundial à falência por uma crise enorme de superprodução e subconsumo). Ainda assim, vi que, uma vez mais, não estava satisfeito com o que tinha escrito.
No entanto, aprendi que nunca estarei. Isso faz parte da vida. Como tudo mais, o "eu" de amanhã estará insatisfeito com o "eu" de hoje, que já está insatisfeito com o "eu" de ontem. Felicitamo-nos por este interminável processo de insatisfação, que é talvez o que mais nos move na vida. Ainda assim, desculpem, julguei que uma revisão a mais não iria matar.
Minha pretensão é postar as primeiras páginas amanhã ou depois, e postar o primeiro capítulo em pdf até o fim de semana.

Comentários finais

Pretendo também, futuramente, postar mais sobre o contexto histórico de minha obra. Além disso, atualmente estou trabalhando em uma pesquisa sobre a questão das representações na obra de Frank Miller, "300", e em sua adaptação homônima para os cinemas, dirigida por Zack Snyder. Pretendo transformar esta pesquisa em um artigo científico, e assim sendo, pretendo divulgá-la/publicá-la aqui.
Para quem hesitou tanto em criar o maldito blog, acho que estendi-me demais para um primeiro post. Sem mais.
Abraços cordiais, K. O. Metzger

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